domingo, abril 10

Ser bipolar

Não durmo há dois dias. A tristeza, o negativismo,
apoderaram-se de mim com uma força imensa que
não sou capaz de controlar.
Falar sobre o que sinto? As palavras ficam presas na
minha boca, embora as lágrimas teimem em sair.
Sou só emoções, que se anulam umas às outras até
permanecer apenas o nada. O vazio.
Um robot programado para sobreviver somente às
necessidade básicas do quotidiano, este que se torna
cada vez mais difícil de suportar.
Sinto-me inútil. Sei que sou um fardo, que não sabem lidar comigo. Já tive a minha dose de medicamentos, psiquiatras, internamentos, e parece nunca ter fim. Às vezes queria eu própria impor um fim, desistir de tudo. Mas respiro fundo e controlo-me, procuro forças onde elas já não existem. Nunca sei o que esperar do amanhã.
Isto porque a estabilidade parece inalcançável. Ora hiperactiva, ora desprovida de energia, as oscilações levam a um desgaste físico e psicológico intenso, cujo equilíbrio apenas a medicação consegue repor. Tento lutar, a sério que tento. Mas às vezes os demónios são demasiado fortes, apossam-se de mim e eu não tenho a força para os exorcizar.
Sei que o amanhã pode ser melhor. Se não o amanhã, talvez o depois. Para mim a vida já não detém garantias. Qualquer momento pode ser final, qualquer olhar o último. Mas é esta possibilidade, esta esperança de um novo futuro que me dá a força para continuar. É a única coisa que me mantém viva.

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